Será que vai vender (10) Edifício São Martinho

Estado de SP, julho de 1952

"Seu apartamento de luxo na suntuosa praça Roosevelt" o título do anúncio bem que poderia ser de algum dos empreendimentos que vem sendo lançados na região mas não. Trata-se de um projeto de 1952, localizado a rua Martinho Prado e já mostrado neste blog na postagem "torres gêmeas".

Na área amarela, a praça Roosevelt com a conhecemos hoje
tendo a ligação Leste-Oeste passando sob a praça.
Em rosa, o edifício São Martinho.

Como possível fator de valorização, o anúncio citava a reforma da praça como um fator de valorização: “Logo serão reiniciadas as obras de remodelação da praça que circunda a igreja da Consolação e que compreenderão o alargamento da rua de mesmo nome. As obras terão grande amplitude, pois incluem o futuro alargamento da rua  Amaral Gurgel, transformada em avenida articulada com a praça. Aproveitando o desnivelamento, haverá duas passagens inferiores (...)" As reformas concluídas em 1967 transformaram a praça em um local dos mais ermos e frios da cidade. Abaixo dela a ligação leste-oeste, acima um emaranhado de concreto armado e pouco, pouquíssima área verde. 

Se a primeira reforma da praça foi um tiro no pé que criou uma das regiões mais degradadas da cidade, uma segunda reforma está em curso e deve voltar a valorizar este "1 apartamento por andar" e seus vizinhos. Após muitos assaltos na região que mobilizaram a opinião pública, a prefeitura decidiu demolir a marquise de concreto e criar uma nova praça, com mais verde e mais segura com base da Guarda Civil Metropolitana.

Folha de SP - 27-07-2010

As obras estão em curso, passando na Consolação ou na Augusta percebe-se que a horrenda marquise já foi demolida, o que já é um bom indício de que a obra será concluída. Bom para os moradores do São Martinho e para a cidade de São Paulo que ganha uma praça em um local tão movimentado e importante

The fastest growing city of the world

Este vídeo oficial do governo americano produzido em 1942 por um certo Inter America Affairs Depto. Neste momento a Segunda Guerra Mundial estava derrubando a Europa e o Brasil havia entrado no conflito apoiando os Aliados, depois de namorar as forças do Eixo. Muito da decisão (além do afundamento de navios mercantes) deveu-se pela política da boa vizinhança, uma estratégia de aproximação dos Estados Unidos.

Apesar do tom ufânico, o filme é muito instrutivo capta exatamente o momento e apresenta uma São Paulo que naquele momento já conta com 1.300.000 mil habitantes além de ser a Cidade que Mais Cresce no Mundo.

Vários construções da cidade podem ser vistas, o Museu do Ipiranga, o Butantã, o recém inaugurado Pacaembú, as casas da avenida Paulista, as belas lojas da Avenida São Luis, ganham destaque entre apresentações das fábricas da  Pirelli e da Nitroquímica que produzia dinamite entre outros explosivos (bobinhos os americanos).

Uma Biblioteca para o Corretor.

Sábado é dia do Corretor de Imóveis. Se na semana passada, no dia do Historiador falei de uma maneira mais próxima aos meus amigos professores, hoje peço licença a eles para falar mais de perto aos corretores que frequentemente passam por aqui. 

Quando vejo no Jornal Nacional os vídeos que dizem que falta corretor no boom imobiliário brasileiro, que as empresas contratam rapidamente para a função me da a impressão que para ser corretor de imóveis basta estar desempregado e ter concluído o segundo grau.

Não é bem assim. Pelo menos para mim, ser corretor de imóveis requer estudo, prática, qualificação e atualização constante.

Fachada da Biblioteca em Kansas - USA

Para os corretores que como eu acreditam nisso, aproveito a data para indicar uma excelente ferramenta que vem me ajudando nesta busca por qualificação. O site Marketingimob é uma biblioteca digital, online e gratuita a disposição do corretor e do mercado imobiliário.

Foi há quase um ano atrás quando eu procurava uma forma de melhorar meu envio de email como forma de captação de clientes que conheci o site Marketingimob. Após muito procurar na internet encontrei o post: O E-mail Marketing no Mercado Imobiliário, um verdadeiro tutorial sobre como elaborar uma campanha correta e ter bons resultados, sobre como formar um mailling de qualidade e dicas de lay out e plataformas de envio.

Imagem do Post o Email Marketing no Mercado Imobiliário

Daquela leitura em diante passei a acessar o Marketing Imobiliário quase que diariamente como forma de me manter atualizado, de conhecer ações de marketing de várias empresas e construtoras, anúncios, datas comemorativas, vídeos, artigos acadêmicos. Tudo visto pelo ótica de dentro dos projetos. Tudo isso voltado especificamente para o mercado imobiliário. Minha primeira atitude foi mostrar aos corretores mais próximos. Era injusto ter tanto conteúdo e não compartilhar.

Imagem faz parte do Histórico da Configuração dos Prédios no Brasil,
um de meus favoritos.

Imaginei que uma grande equipe era a responsável por todo esse conteúdo, que uma pessoa seria responsável por uma área, que um grupo de publicitários por outra. Mas qual não foi a minha surpresa quando descobri que o responsável por todo esse conteúdo era uma única pessoa, a publicitária Mariana Ferronato.

De lá para cá, uns 1000 posts depois, (a atualização é quase que diária) em algum momento começamos uma colaboração mútua através de trocas de arquivos que foram publicados e referenciados a mim em seu site. Foi por incentivo dela que fiquei motivado a criar este blog para ser um apoio ao meu trabalho de corretor. São 2000 visitas em dois meses. (não é pouco, a divulgação é feita de boca-a-boca via amigos e redes sociais) Os grandes picos de audiência são os dias em que, muito generosamente, somos citados no Marketing Imobiliário. Do sucesso do blog, me motivei a criar um site, o Verticalizando, que possui uma revista, que tem 15 dias de vida e já vem dando frutos. 

www.verticalizando.com.br

Foi lendo e estudando o conteúdo do site Marketingimob que encontrei os recursos necessários para fazer todo o trabalho de criação para realizar estes trabalhos de uma maneira profissional, correta e da forma como o mercado aceita. 

Por tudo isso que o banner do Marketingimob está ali do lado direito do blog desde o começo. Um misto de gratidão e de indicação aos meus colegas que como eu sentem a necessidade de aprender e de serem melhores profissionais.  

Casa das Caldeiras

Casa das Caldeiras em matéria de O Estado de São Paulo de 1911.

O fim ou a mudança de grandes indústrias deixou grandes espaços vazios na cidade. Onde antes haviam galpões hoje há edifícios. E o desenvolvimento imobiliário não precisa ser frio e truculento. Existem ótimos projetos que são concebidos para modernizar uma região integrando a história.O Casa das Caldeiras na região da Água Branca é um ótimo exemplo.

ilustração do projeto Casa das Caldeiras

O prédio fazia parte de um enorme complexo fabril das indústrias Matarazzo, em 1985 o patrimônio histórico pediu o tombamento desse imóvel, na época já desativado, visando preservá-lo como documento arquitetônico da industrialização paulista. Restaurado e mantidas as características originais, funciona hoje como casa de eventos.

Casa das Caldeiras restaurada. foto do site
www.casadascaldeiras.com.br

Após o tombamento, o restante do terreno foi comercializado. Por opção, a dona do terreno,  a construtora Helbor concebeu um empreendimento alinhado com a ideia de preservação da memória paulistana. A utilização de tijolos na fachada, as cores e até mesmo a preservação do nome são prova desta intenção. 

Valorizado por shopping, parques e metrô, o Casa das Caldeiras foi totalmente vendido no mesmo dia de lançamento. O vídeo abaixo, apesar de muito clichê tem ótimas imagens do local.

E Agora Adoniran? A Periferia

O meu fascínio pela figura de Adoniran Barbosa vem do fato de que a sua narrativa é voltada sempre para o mais fraco. Sem levantar bandeiras, sem ser partidário ele enxergava a cidade através dos mais pobres, daqueles que sentiam e não dos que viviam as transformações da metrópole.

Paulistano e desde sempre morando na periferia da cidade me identifiquei de imediato com o artista quando comecei a pesquisar a cidade quando me graduava em História. Morar na periferia não é fácil, percorre-se 30, 40 quilômetros para chegar a região comercial de São Paulo. 

Em Vide Verso Meu Endereço Adoniran incorpora um camelô que trabalha na Praça da Bandeira que trocando bilhetes com um amigo, gaba-se de ter melhorado sua vida, casado e de ter comprado uma casinha lá no Ermelino.

Ermelino Matarazzo é um bairro da zona leste, distante 25 quilômetros do centro que a exemplo de outros tantos, surgiu e desenvolveu-se através da industrialização da cidade, do eixo ferroviário e da migração de brasileiros de outras regiões.

Com o fim 'da feia fumaça que sobe' das indústrias, os bairros de periferia como Ermelino foram cada vez mais sendo caracterizados como bairros dormitórios, onde mais de 90% (segundo IBGE) dos moradores trabalham fora e carecem de transporte público para fazer o trajeto.

Adoniran não foi o único compositor a falar da periferia da cidade, o verso de Sampa no paragrafo acima mostra isso, mas foi o único a ter propriedade para isso, pois ao contrário do que muitos pensam, não morava no Bixiga e sim na Cidade Ademar, periferia da Zona Sul. 

Antes do CRECI

Antes da regulamentação da profissão do corretor de imóveis, antes mesmo do CRECI e de qualquer legislação era preciso anunciar para vender imóvel. Alguns dos mais antigos publicados pelo jornal O Estado de São Paulo:

Era uma loja de colchões, mas quebrava o galho como imobiliária "se dá informações a quem quizer comprar casas, terrenos e quartos no centro da cidade e fóra". (sic) A rua da Esperança deixou de existir quando do alargamento da praça da Sé. anuncio de 1879.

"está concluida a grande rua que comunica o bairro da Consolação com o do Bexiga. Póde-se percorrer estes bairros sempre a correr, cujos bellos terrenos com boas fontes e correntes de agua, estão a venda baratíssimos." Anúncio de 1881.

“Arrabalde da Glória. Vendem-se 5 casa pequenas em um terreno bonito por ser canto. Tem poço com excelente água. Vendem-se juntas ou separadas por ser em um só terreno”. Anúncio de 1881 - o bairro da Glória e a rua do Principe, ficam na região da Liberdade.

Hotéis Antigos - Othon Palace Hotel

O anúncio acima foi publicado no dia 30 de dezembro de 1954,
apresentando a inauguração do ‘mais alto grau de hierarquia em hotéis’ em São Paulo.

São Paulo é desde sempre a cidade mais movimentada do Brasil. Milhares de visitantes passam anualmente por aqui para feiras, eventos, turismo e trabalho. Os primeiros grandes hotéis da cidade se instalaram na região do centro velho durante os anos 1940-1950. Referências de hospedagem durante décadas, foram aos poucos substituídos por prédios mais modernos em áreas mais nobres. Contarei aqui a história e o fim de alguns destes belos edifícios. Um deles o Hilton, já contei a história aqui utilizando a música do Tom Zé.

Prédio do Othon em frente a Prefeitura na Praça do Patriarca

O prédio do Othon foi um ícone da rede hoteleira. Inaugurado em 1954 durante as festas do 4º Centenário, abrigava no último andar um dos mais luxuosos restaurantes da capital, o Chalet Suisse, com vista para o Vale do Anhangabaú. Com o declínio da região, foi perdendo hóspedes e importância até fechar as portas em 2008. Na torre de 260 quartos apenas o térreo é ocupado hoje por uma agência do Banco Itaú. Colocado a venda por R$ 25 milhões a Prefeitura estuda decretar o imóvel utilidade pública e ocupar o local.

Torres Gêmeas

Agrupamento de edifícios na praça Roosevelt, visto a partir da Consolação

Venho procurando livros que tratem da regulamentação da construção de edifícios em São Paulo. Não tenho encontrado muita coisa além de um artigo ou outro. Mas é possível perceber que nos anos 1930 era muito comum construir um edifício colado ao outro como forma de economia e de aproveitamento de espaço. O centro velho é cheio de exemplos assim.

A construção em frente ao Colégio Caetano de Campos na Praça da República
são três empreendimentos colados um ao outro.

Nos anos 1950, a preocupação era a individualidade da construção. No anúncio do Professor Villaboim em Higienópolis já citado aqui neste blog destaque para o fato dele ser totalmente isolado dos lados.

Anúncio do Edifício Prof Vilaboim no Estado de SP em 1959

Postais

Em minha época de mochileiro com Daniel Gonçalves, a primeira coisa que fazíamos quando ao chegar a uma cidade nova era procurar uma banca para comprar cartões postais. Além de lembrar das pessoas queridas que ficaram em casa esta era uma maneira muito legal de deixar pegadas!

Em tempos de Instagram, comprei alguns postais amarelados em bancas paulistanas. Escreverei alguns posts com eles e da maneira mais antiga, enviarei estes postais para algumas da pessoas queridas. Pessoas que me inspiraram a criar este blog. É uma maneira de agradecer os quase 2000 acessos desde 15 de junho quando da criação do E Agora Adoniran?

Feliz Dia dos Pais

Gosto de música. Gosto de falar de música, acredito que a gênese da criação carrega em o momento histórico da composição. Sampa de Caetano Veloso por exemplo, merece uma série de debates para ficar em apenas um caso.

Dia dos Pais, sempre me lembro de Meu pai, querido pai, quando colocava na vitrola a música Father and Son de Cat Stevens. Era delicioso quando ele a seu jeito traduzia para mim a letra em inglês que eu não entendia.

Cat Stevens fez muito sucesso nos anos 1970. Sumiu da mídia ao converter-se ao Islã e adotar o nome de Yusuf Islam. Sempre ouvi que se tornou uma pessoa reclusa, mas ele me parece feliz cantando Father and Son no Marrocos no vídeo acima.

Stevens, ou Yusuf influenciou muita gente boa por aqui. Compositores como o Renato Teixeira, um dos meus favoritos, dono de uma obra maravilhosa. Renato gravou uma versão maravilhosa desta música junto de seu filho Chico.


Em um Dia dos Pais, o Senador Suplicy declamou 'Father and Son' no senado. Como sempre foi ridicularizado, saiu em programas de humor, mais ou menos como com o Cat Stevens quando se converteu. Dias depois cantou a mesma música com seus filhos.

Minha homenagem aos Pais que não se rendem e mantém a integridade. Feliz Dia dos Pais para meu pai, Sebastião Levati, para o Senador Suplicy, para Renato Teixeira e para Yusuf Islam.

A Briga do Edifício Itália com o Hilton Hotel.

Edificio Itália em Imagem Recente:
não sabe o que é amor, tem corpo de aço e alma de robô.

O Edifício Itália era o rei da Avenida Ipiranga: alto majestoso e belo, ninguém chegava perto da sua grandeza.

Inaugurado em 1965, o Itália substituiu o Martinelli como símbolo da ascensão social dos imigrantes italianos que haviam chegado ao Brasil no século XIX começando nas lavouras de café e aquela época dominavam grandes grupos empresariais. Grande ícone paulistano, o restaurante Terraço Itália, no topo do edifício é ainda hoje um dos principais pontos turísticos de São Paulo, no auge dos anos 1970 era parada obrigatória de presidentes, reis e celebridades que passavam pela cidade.

O Hilton da Ipiranga, nascido redondo para chamar a atenção.
Desativado em 2004.

A rede Hilton é uma multinacional que está presente em vários países do mundo. Em São Paulo chegou nos anos 1970 com muito destaque na imprensa, inaugurado em 1971 com show de Roberto Carlos e foi o principal hotel da cidade durante décadas até ser substituído em 2004 pelo novo Hilton, na avenida Nações Unidas no sofisticado bairro do Itaim.

Novo Hilton de São Paulo, inaugurado em 2004.

A música de Tom Zé fala da troca acusações entre os dos dois edifícios motivados pelo ciúme do edifício Itália  em dividir as atenções com o Hilton: gracioso, moderno e charmoso. 

Os envolvidos:

Edifício Itália: Com já dito aqui, apesar da perda de importância comercial do Centro, ainda figura entre os pontos turísticos da cidade. Possui um pomposo site na internet e dizem que ainda ri do seu vizinho que foi abandonado. http://www.edificioitalia.com.br/


Hilton Hotel Ipiranga: Ganhou uma função menos glamourosa e mais burocrática, virou gabinete de desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo.

capa da Amiga de 1970

Revista Amiga: Editada a partir de maio de 1970,  foi durante décadas a principal revista de celebridades, show-business do Brasil. Morreu em agosto de 2000 e teria sido ela a culpada pela peleja contado por Tom Zé.

Novo Hilton: Vive muito bem no Centro Empresarial Nações Unidas. Recebe celebridades e foi cenário do programa O Aprendiz. Nunca ouviu falar dos edifícios da avenida Ipiranga.

Tom Zé

Além de Adoniran Barbosa, Caetano Veloso, Rita Lee, o pessoal do Ira e do Punk dos anos 1980, são alguns dos compositores que viram na cidade de São Paulo e em seu cotidiano um cenário inspirador. 

Mas se existe um herdeiro legítimo da veia tragicômica de Adoniran é o baiano Tom Zé. Radicado na cidade desde 1965, ganhou até um Festival de Música, o de 1968 com 'São Paulo, Meu Amor' onde ele se rendia a cidade onde os habitantes 'se agridem cortezmente, morrendo a todo vapor'.

Tom Zé mora até hoje no centro de São Paulo, na região do Arouche. É um arauto da metrópole e merece uma série de posts neste blog, o primeiro vem a seguir.

Será que vai vender (9) Combinatto

Vivemos hoje um boom de lançamentos destinados ao público 'single'. Single é aquele cara que tem menos de 30 anos, uma carreira bem definida e não quer morar com os pais. Exigente, gosta de produtos exclusivos, dotados de tecnologia e personalizados. Encontrei em uma Vejinha de 2006 um 'precursor' desta fase. Um projeto em Pinheiros que, segundo o anúncio é "o primeiro edifício planejado para unir casa e trabalho".

Anuncio do Combinatto, em 2006 na Veja São Paulo

O empreendimento está prontinho e habitado. Feliz de quem comprou apostando na valorização do imóvel. O metrô da linha Amarela destaque no anúncio é uma realidade. Casa e trabalho junto, mas com entradas independentes. Não conheço a construtora, mas entregaram um projeto muito interessante e visionário. Hoje muitos projetos na região e em toda São Paulo vendem a idéia de casa/trabalho em um mesmo lugar.

Combinatto em Pinheiros segundo o Google Street View
Destaque para o mesmo logotipo na fachada.