domingo, 13 de novembro de 2011

Paulo Vanzolini - Um homem de moral


A invasão da Reitoria da USP por estudantes da mesma em protesto a presença ou a repressão policial no campus causou grande discussão nas redes sociais, um verdadeiro debate inconcluso sem cabimento e desmedido.  Fiquei com vontade de escrever sobre o assunto, mas não consegui encontrar um lado a quem defender e outro a quem acusar. De tanto pensar acabei sentindo a vontade de falar de alguém que é um símbolo da USP. Representante de um tempo em que ser professor ou aluno da USP eram atestados de capacidade e de excelência. Este post é sobre o biólogo, médico, folclorista, sambista e professor da USP: Paulo Vanzolini



Paulo Emílio Vanzolini é o membro numero 425 da Academia Brasileira de Ciências. É formado em medicina pela USP, Ph.D. em Harvard, tem dezenas de animais catalogados e batizados com seu nome, como a Gymnodactylus_vanzolinii , dezenas de publicações e livros científicos e entre os muitos prêmios que recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico recebida do Presidente da República em 1994. É um currículo invejável. E de tanto viajar pelo Brasil catalogando espécies de répteis, o professor Vanzolini cumpriu outro importante papel, de folclorista. Foi ele quem recolheu por exemplo a belíssima Cuitelinho, gravada por Renato Teixeira, Milton Nascimento, Inezita Barroso entre outros.


Não bastasse ser o grande cientista que é, Paulo Vanzolini é também compositor. E como compositor, ainda que de maneira despretensiosa, nunca quis ser famoso, viver da música,  criou alguns dos versos mais famosos e mais cantados da MPB. 
É quase impossível quem não cantarole pelo menos os primeiros versos de Ronda: "De noite eu ronda a cidade, a te procurar, sem encontrar..." Mas se mesmo assim, você não conheça  o professor, ou o folclorista ou mesmo o sambista, reconheça a queda, e não desanime: Levanta sacode a poeira e dá a volta por cima. 


Trecho do filme, Um Homem de Moral de Ricardo Dias, sobre Paulo Vanzolini.


Paulo Vanzolini é um dos maiores intelectuais do Brasil, segue ativo aos 88 anos, aparece em entrevistas aqui e ali. Já foi tema de livros, teses, filme e enredo de Escola de Samba, mas tantas homenagens ainda parecem pouco perto de toda obra do professor da USP.

sábado, 12 de novembro de 2011

Torre Matarazzo 3 - São Paulo é um cinzeiro?

Tapume da Torre Matarazzo, rua São Carlos do Pinhal
Estive na Avenida Paulista, esquina com a Pamplona para conhecer o painel temático da Torre Matarazzo e me surpreendi. Baseado no que li, escrevi que um painel havia sido pintado.... Agora escrevo baseado no que vi: um painel temático sobre os 120 anos da Avenida Paulista está sendo pintado no tapume do empreendimento da Cyrela.

Foto do Tapume da Torre Matarazzo.
Na verdade não há problema algum no fato de não estar pronto. Aliás é bem bonito o painel e o pessoal da Revolucionarte está caprichando. O problema é que só a Avenida Paulista e a rua Pamplona serão contemplados com a pintura, ficando os 110 metros da rua São Carlos do Pinhal a disposição dos pichadores. Pô Cyrela. Pô Camargo Correa. Ai não né?!

Tapume da rua São Carlos do Pinhal.

Anarquistas Graças a Deus


Quando falamos da importância de documentos históricos para preservar a memória de um povo ou de um lugar em especial estamos citando artefatos que podem conter um relato que pode representar uma época. Eu defendo que além das certidões oficiais, outras formas de comunicação podem ser consideradas como documento histórico. Receitas culinárias, canções, poesias todos podem marcar, ou servir de referência de determinado período.

Os livros cumprem com grande propriedade esta função, e a cidade de São Paulo tem alguns ótimos relatos que ajudam a compor um painel de seu desenvolvimento como metrópole. 

E a São Paulo do primeiro quartil do século XX era uma cidade que cresceu vertiginosamente impulsionada pela chegada de imigrantes vindo principalmente da Itália, instalados inicialmente na região da Mooca; por onde chegavam via Hospedaria do Imigrante; os italianos ocuparam outras regiões imprimindo por aqui novos hábitos, cultura e tecnologias.  Em Anarquistas Graças a Deus, Zélia Gattai relata através de seu olhar de filha caçula a saga da família Gattai durante 30 anos desde que chegaram ao Brasil até quando Zélia veio a casar-se.

Anarquistas Graças a Deus é um dos mais deliciosos livros que já li. Descreve com detalhes a São Paulo do começo do século XX onde cavalos pastavam na Alameda Santos e a avenida Rebouças era uma picada no meio do mato. Conta o cotidiano dos ex-escravos, dos imigrantes árabes e claro, dos italianos. Passa por períodos importantes como a revolução tenentista de 1924 e descreve os passeios de bonde até a Casa Mappim onde se podia deliciar um chá além de fazer compras refinadas.


Em 1984 a Rede Globo transformou o livro em minissérie, onde ressaltou um dos aspectos mais gostosos do livro: o convívio familiar. Recomento muito Anarquistas Graças a Deus para quem quer entender a São Paulo dos primeiros anos do século XX e não quer ler um livro técnico, acadêmico. Impossível não se emocionar.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Novos Rumos


Os últimos dias boas notícias e números superlativos invadiram este blog. Atingimos 4.500 visitas em menos de 5 meses de existência. Contribuímos (que eu saiba) com 3 TCCs, atingimos visitantes assíduos fora do Brasil e aparecemos aqui e ali em blogs, sites e jornais Brasil afora. 
Faço e edito E Agora Adoniran? sozinho, mas falo em terceira pessoa porque no final, o trabalho só é possível graças a audiência dos amigos de sempre e daqueles que chegaram após julho quando lançamos o blog. Assim o blog E Agora Adoniran? é meu e seu, leitor deste texto. 
Procurei sempre um caminho de ineditismo e quando isso não foi possível, as fontes sempre foram corretamente citada como convém em qualquer prática acadêmica. E foi essa linha editorial que nos levou a novos convites e desafios. A partir de agora passo a escrever regularmente no site Marketing Imob, um dos  principais e mais importantes sites sobre mercado e marketing imobiliário.
E Agora Adoniran? segue firme na mesma toada falando de cultura, de urbanismo e principalmente sobre a vasta história da cidade de São Paulo. Mas não dá para recusar uma convocação tão bacana e que tanto me honrou. A partir de agora escreverei regularmente sobre mercado, tecnologias e afins no Marketing Imob. Abaixo, o link da entrevista que motivou a convocação. A todos que passam por aqui, muito obrigado.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Torre Matarazzo 2: A César o que é de César

Tapume do empreendimento comercial da Cyrela e Camargo Correa
Reclamei um monte da Cyrela no post Torre Matarazzo pela forma como ela vinha conduzindo a construção do seu empreendimento comercial na avenida Paulista. Disse entre outras coisas que eles deveriam copiar o projeto Urban Gallery da Brookfield e que deveriam levar em conta o óbvio: o espaço das pessoas.

A Cyrela e a Camargo Correa não só recuaram seu seu tapume em setembro (que cobria o piso tátil) como também criaram um projeto cultural bem interessante. Sob o tema “120 Anos de Avenida Paulista” o tapume foi grafitado com imagens do século XX até os dias de hoje.




Patrocinada pelas construtoras, a ONG Revolucionarte, responsável pela pintura do painel criou uma página no Facebook e vai premiar as fotos mais curtidas postadas na fan page.


Foto retirada da Fan Page Arte Paulista


A ação é bem válida, preserva (um pouco né) a história do local e de certa forma apaga a impressão ruim deixada pela obra em um primeiro momento além de melhorar a vida de quem vai ter que conviver com o tapume até 2015. Mesmo assim, devido ao grande impacto no trânsito da região, essa torre bem que se encaixava no eixo Berrini-Faria Lima né Cyrela?

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