sábado, 20 de agosto de 2011

E Agora Adoniran? A Periferia

O meu fascínio pela figura de Adoniran Barbosa vem do fato de que a sua narrativa é voltada sempre para o mais fraco. Sem levantar bandeiras, sem ser partidário ele enxergava a cidade através dos mais pobres, daqueles que sentiam e não dos que viviam as transformações da metrópole.
Paulistano e desde sempre morando na periferia da cidade me identifiquei de imediato com o artista quando comecei a pesquisar a cidade quando me graduava em História. Morar na periferia não é fácil, percorre-se 30, 40 quilômetros para chegar a região comercial de São Paulo. 



Em Vide Verso Meu Endereço Adoniran incorpora um camelô que trabalha na Praça da Bandeira que trocando bilhetes com um amigo, gaba-se de ter melhorado sua vida, casado e de ter comprado uma casinha lá no Ermelino.
Ermelino Matarazzo é um bairro da zona leste, distante 25 quilômetros do centro que a exemplo de outros tantos, surgiu e desenvolveu-se através da industrialização da cidade, do eixo ferroviário e da migração de brasileiros de outras regiões.
Com o fim 'da feia fumaça que sobe' das indústrias, os bairros de periferia como Ermelino foram cada vez mais sendo caracterizados como bairros dormitórios, onde mais de 90% (segundo IBGE) dos moradores trabalham fora e carecem de transporte público para fazer o trajeto.
Adoniran não foi o único compositor a falar da periferia da cidade, o verso de Sampa no paragrafo acima mostra isso, mas foi o único a ter propriedade para isso, pois ao contrário do que muitos pensam, não morava no Bixiga e sim na Cidade Ademar, periferia da Zona Sul. 

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