quinta-feira, 30 de junho de 2011

Será que vai vender? Viva Tranquilo no Meio do Agito

Veja SP, 7 de fevereiro de 1990
"Vila Mariana é uma ilha residencial de tranquilidade, cercada de São Paulo por todos os lados." O anúncio deste projeto da Encol, comercializado pela Coelho da Fonseca vendia localização e proximidade com o Metrô.

Nada diferente do que vemos nos anúncios de hoje na região. Avenida Paulista, Parque do Ibirapuera, Shopping, etc. Mas me chamou a atenção um detalhe: O Bixiga, com seus teatros e cantinas, como se estivesse na Velha Itália. Assim mesmo, como se dizia a bem pouco tempo atrás, antes do tradicional bairro passar a ser chamado de Bela Vista.


O projeto prontinho, na imagem truncada do Google Street View


Será que vai vender? Vale a Pena Ver de Perto

Veja SP - Fev de 1988
O empreendimento Portal da Cidade, no Morumbi era anunciado na Vejinha de fevereiro de 1988 como "o maior e melhor empreendimento residencial já planejado no Brasil". O anúncio chama a atenção para o andamento das obras e convida: "Inclua em seu programa de fim de semana uma visita ao Portal da Cidade".

Incorporado e construído pela ENCOL (que merece um post só para ela) e vendido pela LOPES o projeto está pronto a pelo menos 20 anos. Foi um dos primeiros em uma região que hoje conta com vários empreendimentos similares.

Foto recente do projeto, segundo o site 123i

Vejinha

 
Acompanhando a revista Veja desde 1985, o suplemento Veja São Paulo, é desde então uma grande referência para quem procura por apartamentos a venda na cidade. 69% dos visitantes de um grande lançamento imobiliário eram leitores de Veja, segundo o anúncio abaixo que diz ainda que depois de apenas um anúncio na revista, uma construtora vendeu 30% de um lançamento imobiliário.
Passando pelo centro de São Paulo comprei no Sebo do Messias (o mais antigo e completo da cidade) uma pilha de Vejinhas antigas entre 1987 e 1991.
Na sequência, alguns anúncios compilados dessa pilha.

Veja São Paulo, Outubro de 1996

sábado, 25 de junho de 2011

Será que vai vender (5) - Copan

Falar sobre o COPAN renderia duzias de posts, dado sua importância para São Paulo e para o Brasil. Projetado por Oscar Niemeyer nos anos 1950 o edifício detém vários recordes e várias marcas de pioneirismo na construção civil. Mas tentarei sintetizar neste aqui o Rockfeller Center de São Paulo.

Foto da Construção do COPAN.

O projeto original encomendado pela Companhia Pan-americana de Hotéis (daí o nome) compreendida em edifício residencial de 30 andares e outro que abrigaria um hotel com 600 apartamentos. Os dois prédios deveriam ser ligados por uma marquise no térreo que teria garagens, cinema, teatro e comércio, porém o projeto original foi modificado durante a construção. O texto inteiro está aqui, no site oficial do edifício http://www.copansp.com.br . O site é bem completo com fotos de todo o perído da construção.

Anúncio no jornal O Estado de São Paulo

Inaugurado em 1957, o Edifício Copan é um cartão postal de São Paulo e um marco na arquitetura moderna. Com 120 mil metros quadrados de área construída, abriga 1.160 apartamentos e 5 mil moradores em 35  andares. O anúncio abaixo foi publicado no Estadão do dia 25 de junho de 1952, quando as obras foram iniciadas. O texto dava aos leitores  uma ideia do que seria o edifício: “A sua residência própria – parte integrante do grandioso maciço turístico, com sua imponência e  vantagens em plena Avenida Ipiranga”


Anos mais tarde o Copan entraria para o Guiness Book – O Livro dos Recordes como o maior prédio residencial da América Latina. Do alto dos seus 115 metros de altura é possível ter uma visão de 360 graus de São Paulo. “A arquitetura brasileira alcança o ápice da sua glória, do seu renome mundial”, acrescentava o anúncio de lançamento, que chamava o edifício de “Rockefeller Center de São Paulo” e “a obra do século”.

O prédio foi tema do programa URBANO do Multishow um trecho do programa está abaixo:


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Eu sou um Pombo Paulista!




Comercial da Eletropaulo, do final dos anos 1990.Um pombo sobrevoa a cidade e observa entre outras coisas a falta de educação de alguns municípes. Foi uma série com uns três filmes que deveria ser retomada. Lá se vão 12 anos e continua muito atual. Encontrei este no You Tube, mas vale a pena o clique.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Banespa

Saiu em toda a imprensa esta semana: o edifício Altino Arantes, o Banespão, ou só o prédio do Banespa foi tombado como patrimônio público. A resolução do Condephaat (órgão do patrimônio histórico) preserva integralmente fachada e terraço do edifício, além de cinco pisos. 
  
O Banespão é alto, imponente, pode ser visto de muitas regiões de São Paulo e até por isso, muita gente acredita ser ele o mais alto da cidade. Inaugurado em 1947, sua arquitetura e porte, inspirados no edifício Empire State, de Nova York, representavam o orgulho da cidade pelo seu crescimento e modernização. 
  
Nos anos 1940, São Paulo é o maior centro industrial da América Latina com 4 mil fábricas. (Nosso Século: A Era Vargas, Pasquale Petrone, Abril Cultural, 1980) Ao final da década, este número elevou-se para 15.318 estabelecimentos industriais, empregando 389.202 operários. O edificio foi o símbolo desta época e mais, o cartão de visitas do governador / interventor federal Ademar de Barros. Política a parte, convenhamos, o prédio é muito bonito. 
Edifício Altino Arantes, sede do Banespa.
Desde sempre, o Banespa foi o Banco do Estado de São Paulo. Beirou a falência nos anos 1990 até que foi comprado e incorporado pelo Santander. Do "Grande Banco dos Paulistas" sobrou o prédio na região central que agora finalmente será conservado. É possível visitar o mirante do edificio, já estive lá umas duas vezes e apesar do medo de altura a vista da cidade vale a pena.



Feriado


Feriado, aproveitei o dia em casa para separar novos-velhos materiais para alimentar o este blog.

O melhor de todos é este livro "Nos Bares da Vida - Produção Cultural e Sociabilidade em São Paulo - 1940-1950" da Lúcia Helena Gama editado pelo SENAC. Irei folhear para ver o que pode ser interessante de ser visto por aqui.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Será que vai vender (4) - Mendes Caldeira

Anúncio do Lançamento do Mendes Caldeira - O Estado de São Paulo
Adoniran era um sujeito totalmente avesso a mudanças.  A Praça da Sé, marco zero da cidade passou por grandes mudanças que o próprio sambista presenciou. Quando da chegada do Metrô Adoniran fez uma letra saudosa:

Praça da Sé
Praça da Sé
Hoje você é
Madame estação Sé

É o progresso
É o progresso
Mudou tudo
Mudou até o clima
Você está bonita por baixo
Só indolá pra ver
Mas não vá sozinho, meu senhor
Que o senhor vai se perder



Adoniran viu ali além dos bondes que partiam dali para as outras localizações da cidade “O maior negócio do Brasil, no centro do centro de São Paulo”. Assim foi anunciado, no dia 19 de junho de 1960, o lançamento do edifício Mendes Caldeira, na Praça da Sé. “Ponto de encontro de mais de cem bairros, no ponto chave das zonas bancária e judiciária de São Paulo”, destacava o anúncio.
Quinze anos depois, o ‘maior negócio do Brasil’ estava outra vez nos jornais, no dia da maior implosão da América Latina. O prédio teve de ser demolido para dar lugar às obras da Estação Sé do Metrô de São Paulo, que estavam atrasadas. Ele ficava onde hoje é o acesso norte da Estação Sé.

O edifício virou 20 toneladas de entulho com o novo método que pela primeira vez no País substituiu a demolição por picaretas.

 

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Será que vai vender (3)

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
Está aqui um local que com certeza já foi cenário para personagens do Angeli. “Novas artérias ligando a rua 24 de Maio à Avenida São João”. Assim era apresentado, na edição do Estado do dia 10 de junho de 1960, o centro comercial Grandes Galerias. O anúncio do projeto de construção foi publicado pela empresa de incorporação e construção Alfredo Mathias. Na época, o espaço era apresentado como ‘o maior centro comercial de São Paulo, num único e majestoso conjunto’. A concepção arquitetônica era ‘inteiramente nova, resultado de pesquisas realizadas em shopping centers de outras parte do mundo’. Hoje o shopping Grandes Galerias, ou 24 de Maio, é conhecido como Galeria do Rock, foi palco de novela global recentemente.

Vista da Galeria, do Largo do Paissandu.

domingo, 19 de junho de 2011

Da feia fumaça que sobe...

Uma das características do mercado imobiliário é a de dar vida a regiões apagadas e desertas que outrora foram movimentadas pelos funcionários de  grandes fábricas que por um motivo ou outro migraram ou simplesmente deixaram suas atividades comerciais.

Um bairro tradicional de São Paulo, a Mooca foi inicialmente um bairro operário, reduto de italianos e descendentes que trabalhavam nas fábricas da região. Adoniran Barbosa, o patrono deste blog já cantou as características operárias desde bairro, em Abrigo de Vagabundos, continuação de Saudosa Maloca.
Uma fábrica que foi emblemática na região e que me dá saudade os tempos de Office boy é a fábrica de açúcar União, na rua Borges Figueiredo, pertinho da estação Mooca da CPTM. Me lembro de sentir o cheiro de café torrado que vinha da fábrica na antiga estação Roosevelt. 

Fechada em 2005 as instalações ficaram abandonadas até que em 2010 a Cyrela lançou no local o empreendimento Luzes da Mooca que deve ser o primeiro de uma série de projetos na região
Companhia de Açúcar União, antes da demolição em 2009.

Concebido ao redor da chaminé que foi tombada pelo patrimônio histórico, (vide matéria do JT) o Luzes da Mooca dá vida a uma região que ficou abandonada durante muito tempo e embora não seja comercializado pela empresa em que trabalho, este projeto tem toda a minha simpatia e torcida.

Perspectiva de empreendimento da Cyrela, no local da Antiga Fábrica da União.

 Para saber mais: http://www.jt.com.br/editorias/2008/12/21/ger-1.94.4.20081221.10.1.xml
Matéria do Jornal da Tarde sobre o tombamento de prédios na região.


“Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia”

Muito do meu fascínio pela grande capital paulista, seus becos e esquinas, o Centro Velho, a Avenida Paulista, a Augusta e mesmo seus subúrbios deve-se a um período da minha pré adolescência, por volta de 1987 ou 1988, quando eu garotão com espinhas no rosto, ficava na banca de jornais do bairro aguardando chegar a revista Chiclete com Banana. 

A censura já havia acabado, então, fora minha mãe, nada me impedia de ler aquela revista impressa em papel jornal, toda em P&B, mas quem me apresentava um sem-número de personagens que além de retratarem o comportamento humano tinham São Paulo como cenário.

O grande capitão da Chiclete foi o cartunista Angeli que criou entre muitos a junkie Rê Bordosa, o punk Bob Cuspe e o guru Rala Rikota. 
Angeli em seu estúdio em São Paulo

A frase que abre este post é uma referência a Leon Tolstoi. Escritor russo da virada dos séculos XIX e XX . Impressionante como ela é atual e dado ao advento da internet, ela poderia ter sido escrita hoje, começo de século XXI. Sendo assim fica aqui os meus parabéns e meu muito obrigado a Angeli que pintou como ninguém sua aldeia: a cidade de São Paulo.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Será que vai vender? (2)

Estadão, 05 de outubro de 1965.
“Nem com vela acesa você encontrará outro negócio igual!” O anúncio publicado pelo Estadão desafiava a fé do leitor ao fazer a oferta de salas, apartamentos residenciais e lojas no edifício Daniel Martins Ferreira, no Largo Paissandu número 51. O prédio, oferecido na época com a vantagem de estar no ‘ponto mais central da cidade’, fica em frente à Igreja do Rosário, criada pela ‘Irmandade dos Homens Pretos’ em 1711. O grupo nasceu porque havia restrições à presença de negros nas igrejas. Sua primeira capela ficava na Praça Antônio Prado, mas a igreja migrou para o para o Paissandu, em 1906.

Edificio Daniel M. Ferreira segundo o Google Street View, ao lado do Ponto Chic, em frente ao Paissandú


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Será que vai vender?

Trabalhando no mercado imobiliário, todas as vezes que me deparo com um novo empreendimento em lançamento, ao olhar para o stand me pego a pensar no tamanho do projeto, na localização e no valor cobrado pelo metro quadrado. Sempre que estou nesta situação me pergunto: Será que vai vender?
Me tranquilizo ao lembrar dos vários outros projetos, que com qualquer problema que possam ter tido, foram 100% vendidos. Existe uma grande verdade no mercado imobiliário: Não existe empreendimento ruim.
O Edifício Arouche é um bom exemplo:

Edição do Estadão de 14 de junho de 1944.

Lançado no fim da Segunda Guerra, o edifício Arouche foi anunciado 1944 como uma das primeiras construções em condomínio a ser terminada na cidade de São Paulo. No número 184 do largo, o prédio tinha como principal atrativo o fato de ter um abrigo anti-aéreo, o que deveria ser uma vantagem tão importante na época quanto uma “varanda gourmet” de hoje. O anúncio destacava as linhas sóbrias e elegantes, a excelência da localização “em um dos bairros mais centrais da cidade” e o conforto dos apartamentos. O largo, conhecido pelas floriculturas, restaurantes e arquitetura histórica, tem esse nome porque eram terras do coronel Arouche de Toledo Rondon, que usava a área para exercícios militares.

Edifício Arouche, segundo o Google Street View
Como visto no print tirado do Google, o Edifício Arouche está ai, prontinho a mais de 60 anos, no Largo do Arouche em frente a uma banca de flores.

Espia só Adoniran!

Fonte: ROCHA; Francisco; ADONIRAN, O POETA DA CIDADE, 2002

Publicado na Folha de São Paulo em Janeiro de 1968, esta anúncio da Ultragaz transcreve a mentalidade paulistana da época. Durante a gestão de Faria Lima (1965-1969) a capital paulista é tida como a cidade que mais cresce no mundo! "A cada ano crescemos uma nova Brasília, a cada dois uma nova Curitiba e a cada três uma nova Porto Alegre. É preciso construir e trabalhar muito teria dito Faria Lima durante sua gestão.

No entanto, o que chama a atenção nesta homenagem da Ultragaz a São Paulo a seu prefeito Faria Lima são as referências feitas a Adoniran. No texto são citados três sambas do compositor - Saudosa Maloca (1951) Trem das Onze (1964) e Samba do Arnesto (1953). As composições são evocadas conduzindo a atenção do leitor as vantagens do progresso, cujos benefícios se tornariam visíveis na proporção em que provocassem determinadas intervenções no mapa da cidade.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dá Licença de Contar...

Se o senhor não tá lembrado, dá licença de contá” com esses versos que Adoniran Barbosa inicia a narrativa de sua Saudosa Maloca, música de 1951 que seria desde então tratada como uma espécie de hino das transformações urbanas paulistanas.

Na história, Mato Grosso, Joca e o próprio narrador devem se mudar em função da demolição da casa em que viviam que dará lugar a um grande edifício.
Adoniran é ainda hoje o grande poeta de São Paulo. Soube sintetizar de maneira única a cidade , seus tipos e gêneros e principalmente suas transformações. Transformações que ele próprio era contra. Totalmente avesso ao novo, ao moderno, ao ‘progréssio’ como ele próprio dizia e cantava.

Sempre que uma mudança se anunciava, um novo boato surgia sobre este ou aquele local da cidade Adoniran era interpelado pelos amigos e imprensa: E agora Adoniran? Desta maneira surgiu, por exemplo, a música do Viaduto Santa Ifigênia, marco da cidade, anterior ao próprio Viaduto do Chá, o Santa Ifigênia seria desmontado segundo relato do músico. Assim nasceu a música em que o narrador hipoteticamente conta a inauguração da ponte que ligaria a cidade sobre o vale do rio Anhangabaú.



E é assim, tendo como pano de fundo as histórias do senhor Adoniran Barbosa que pretendo, muito humildemente, contar um pouco das transformações da cidade nos últimos 60 anos sempre através do viés do mercado imobiliário e das modificações que ele propicia a cidade.

Muita história, músicas e muito anúncio antigo pinçados dos jornais O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo é o que veremos por aqui.
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